XM 16 - Golpes divulgados por famosos vão se repetir porque a fiscalização é um caos 💸
É possível entender o tamanho do problema quando se pesquisa sobre quem seria o responsável por combater esse tipo de ação
Na edição anterior:
XM 15 - Na disputa pela personalidade pop do ano, o confronto é Taylor Swift vs. Messi 🎙️⚽
Conforme o nosso combinado, se hoje é a primeira quarta-feira do mês, então temos a Xícara para você ler — mesmo que esteja na semana mais devagar do ano. Um feliz 2024! Vai ser bom ter você por aqui. Partiu? 😀
O MONEY LOOKS era um aplicativo para celular que prometia dinheiro a usuários que avaliassem roupas da Shein. Já o Instamoney supostamente pagaria a quem curtisse fotos no Instagram. O Crash, conhecido como Jogo do Aviãozinho, da plataforma de apostas Blaze, é um esquema de cassino online — só que os ganhadores alegam que não conseguem sacar o prêmio.
Estes são apenas três exemplos de golpes que, individualmente, já causaram prejuízos a milhares de pessoas. No entanto, o alcance desses golpes se ampliou significativamente devido à promoção feita por influenciadores com milhões de seguidores.
A lista de famosos que ajudaram na divulgação de aplicativos que funcionam como cassinos é extensa:
Neymar, Felipe Neto, Carlinhos Maia, Viih Tube, Mel Maia, Juju Ferrari, Diggo, além de clubes de futebol, como o Santos e o Botafogo.
Mas os cassinos não são ilegais no Brasil?
Antes de prosseguir, é importante compreender como jogos desse tipo conseguem operar no Brasil.
🎰 Embora cassinos físicos sejam proibidos no Brasil, a localização das sedes dessas empresas em outros países permite que sites operem aqui.
🎲 Ou seja, basta qualquer jogador criar uma conta em uma dessas páginas e se declarar maior de idade para ter acesso a jogos como caça-níquel, roleta, blackjack ou pôquer.
Tão simples quanto isso.
E como a roda do golpe gira? Grande parte das empresas patrocina influenciadores para que divulguem links e vídeos que simulam que o aplicativo dá dinheiro em troca de tarefas simples.
O usuário baixa o programa, é induzido a pagar algum tipo de taxa e fica sem receber os valores prometidos. E é aí que o problema começa.
Jogo de empurra-empurra sobre quem fiscaliza
É possível entender o tamanho do drama quando se pesquisa sobre quem seria o responsável por combater esse tipo de ação. Vamos entender o que dizem os principais órgãos responsáveis:
O Procon, principal órgão de defesa do consumidor
Segundo o órgão, é difícil enquadrar em suas normas a responsabilidade de todos os atores do golpe. O maior problema, segundo a instituição, é determinar quem é quem no procedimento padrão que o órgão usa para agir: identificar um fornecedor, um consumidor e o problema entre eles.
Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
Uma regulação para as ações de marketing e publicidade está em estudo, mas não há previsão de quando a proposta será apresentada ao Ministério da Fazenda.
Ministério da Fazenda
Apesar de ser o braço do governo para fiscalizar loterias, o órgão afirma que “não detém competência legal para se envolver em questões criminais, ressalvadas as de natureza tributária”.
Os bancos que recebem os depósitos dos apostadores
Em geral, são fintechs que lidam grande parte das reclamações. Porém, apenas “participam” da engrenagem do golpe.
As redes sociais
Especialistas afirmam que as plataformas não têm a tecnologia necessária para barrar a divulgação de conteúdo nocivo por parte dos influenciadores.
Polícia Federal
Responsável por fiscalizar crimes no âmbito digital, diz que, por se tratar de um estelionato, quem deve ser procurado é a Polícia Civil.
A operação que terminou com um bloqueio de R$ 101 milhões das contas da Blaze foi conduzida pela polícia de São Paulo, que só passou a investigar o caso depois das denúncias.
Mesmo assim, uma operação deste porte não foi suficiente para fazer com que a divulgação por parte dos influenciadores seja interrompida. A modelo Bárbara Evans, um dia após a operação, optou por continuar cumprindo seu contrato com a plataforma. Outros, porém, procuram a Blaze para encerrar contratos.
Celebs processadas nos EUA por indicarem corretora de criptomoedas
ANO PASSADO, celebridades começaram a ser processadas em ação coletiva nos Estados Unidos, após a FTX, segunda maior bolsa de criptomoedas, entrar em colapso.
A modelo brasileira Gisele Bündchen encabeça a lista, que ainda conta com estrelas do porte de Madonna, Jimmy Fallon, Justin Bieber, Cristiano Ronaldo e Kim Kardashian.
A tese é de que as contas com rendimento FTX eram títulos vendidos ilegalmente.
Além disso, é dito que Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX, fez uso das “grandes celebridades” para atrair os desavisados sobre o mercado. Alguma semelhança com o que está ocorrendo aqui? 💸
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NA VITRINE
Onde a ressaca vale desconto
NO CLIMA DAS FESTAS DE FIM DE ANO, o Burger King agitou as redes com a campanha de descontos especiais para quem fizesse um "teste de ressaca"!
Para ganhar o desconto, o consumidor precisava acessar o aplicativo da rede de fast-food, onde era redirecionado ao site Hang Over Whopper. 🍔
Na página, era necessário informar o nome completo, data de nascimento e concordar com os termos de uso.
Depois, o “nível de ressaca” do comprador, que podia ser de 1 a 3, era medido por meio de reconhecimento facial e um desconto proporcional era oferecido. Quanto maior a ressaca, maior era a redução no valor do lanche.
Apesar de muitos comentários positivos sobre a iniciativa, no X (ex-Twitter) houve quem também reclamou da rede estar “premiando” um comportamento ruim.
Teria ousado demais o BK? 🤔
Confira o vídeo da campanha no YouTube (0:37)
ENTRADINHA
🕵️♂️ Quem é o dono da Blaze, empresa investigada pela PF?
📉 Os maiores fracassos das marcas de 2023 — e o que elas nos ensinaram (aqui não vale o ditado de “falem mal, mas falem de mim”)
🌟 Os melhores branding de 2023 (teve coisa boa também)
💫Enquanto BBB 24 não chega: Relembre a marca que teve um alcance 8x maior que a Black Friday durante o BBB 23 (spoiler: é uma rede de farmácia)
🤖 Heinz provoca concorrência com IA que escaneia embalagens de outras maioneses (ação ocorre no canal de Whatsapp da marca)
PRATO PRINCIPAL
A Era da Escuta: as duas primeiras empresas que admitem ouvir usuários para fazer anúncios
DEZ A CADA DEZ PESSOAS já se pegou falando sobre um produto e, logo em seguida, se deparou com um anúncio relacionado a ele na internet.
Há quem ainda ache que é coincidência. No entanto, em dezembro, duas empresas de marketing dos Estados Unidos, a MindSift e a Cox Media Group (CMG), admitiram usar o microfone de dispositivos móveis para captar conversas e direcionar publicidade.
Tem nome e sobrenome. Essa prática, conhecida como "Audição Ativa", permite às empresas identificar interesses dos consumidores em tempo real, através de conversas cotidianas captadas por smartphones, TVs inteligentes e outros aparelhos. 🗣️
As informações vieram à tona após a reportagem do site 404 Media, que conseguiu acesso a documentos de divulgação da companhia para atrair clientes.
Sabe aquele briefing que a companhia envia para os clientes contando os cases de sucesso? Pois é, era falando sobre o que faziam (ilegalmente) que a empresa conseguia mais e mais clientes.
No entanto, após a divulgação da reportagem, a CMG retirou essas informações de seus documentos. Já os fundadores da MindSift fazem menos questão de esconder. Em um podcast recente, chegaram a afirmar que a tecnologia utilizada é tão eficaz que permite identificar as necessidades dos usuários em tempo real, oferecendo uma vantagem competitiva significativa para as empresas.
Pense comigo: o que significaria para a sua empresa se você pudesse atingir clientes potenciais que estão discutindo ativamente a necessidade de serviços em suas conversas diárias?
Embora tanto o Google quanto a Apple ofereçam opções para desativar, por exemplo, o uso do microfone em aplicativos específicos, e os sistemas operacionais notifiquem o uso tanto do microfone quanto da câmera, a eficácia e a transparência dessas tecnologias de "audição" permanecem incertas. 🔐
Enfim, mais um capítulo que levanta questões importantes sobre privacidade e consentimento dos usuários.
EMBRULHA PARA VIAGEM
🔮 TODO ANO, AMY WEBB, CEO do Future Today Institute, publica suas reflexões sobre o ano que termina e os temas que deverão permanecer no radar das equipes de inovação no ano seguinte. Este ano, como era de se esperar, o documento é bastante extenso. Afinal, 2023 foi agitado, e não só por todo o hype em torno da IA Generativa.
✈️ EXISTEM DOIS GRUPOS DE viajantes pelo mundo. Aqueles que organizam até as paradas para ir ao banheiro no roteiro, e aqueles que compram a passagem e deixam para descobrir as atrações quando já estão no destino. Para quem faz parte do segundo grupo, um novo mercado a ser explorado é justamente o de viagens surpresas. Funciona assim: clientes preenchem questionários e recebem dicas enigmáticas antes da partida. O destino e o itinerário são revelados apenas no aeroporto.
💼 AS DEMISSÕES EM MASSA na área de tecnologia não se limitaram ao final de 2022, estendendo-se por todo o ano de 2023. De acordo com o site Layoffs.fyi, que acompanha esses cortes, estima-se que cerca de 257.538 trabalhadores foram dispensados de 1.154 empresas do setor tecnológico durante esse período. Em dezembro, por exemplo, o Spotify anunciou a demissão de 1,5 mil funcionários, a terceira grande redução de pessoal em 2023. As ações da companhia subiram 6,8% após o anúncio, mas os layoffs de outras empresas não foram recebidos pelos investidores com o mesmo otimismo.
🚰 GARRAFAS DE ÁGUA evoluíram de itens comuns para acessórios de moda desejados, especialmente populares entre crianças e jovens ativos nas redes sociais. Essas garrafinhas, que podem custar mais de 300 reais, não são mais apenas recipientes para água, mas também acessórios estilosos. Na recente Campanha Papai Noel dos Correios, as garrafas personalizadas foram os presentes mais solicitados, superando brinquedos tradicionais como bicicletas, patins e bonecas Barbie.
🎥 DICA DE SÉRIE
POUCAS PRODUÇÕES BRILHARAM tanto quanto aquelas dedicadas ao “Rio-de-Janeiro-Verso” em 2023. Numa tacada só, a Globoplay apresentou “Os Outros” e “Vale o Escrito”. Mas uma série menos badalada que saiu da mesma fonte também merece destaque. Trata-se de “A Mão do Eurico” dedicada a Eurico Miranda, um dos dirigentes mais amados e odiados da história do futebol brasileiro. Não precisa nem gostar de futebol para ficar hipnotizado com os 5 episódios que contam as histórias de seus títulos, críticas e polêmicas. Imperdível.
SOBREMESA EM NÚMEROS
UMA IMAGEM DE GORJETA
COMO UM ÍCONE DE DESIGN Art Déco, o Venice Simplon-Orient-Express consolidou-se na rota dos ricaços europeus, oferecendo viagens de trem pelo mais lendário conjunto de vagões do mundo. Pela primeira vez, o faturamento do setor de trens de luxo ultrapassou um bilhão de euros, com expectativas de que esse valor dobre em 2024.
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