XM 17 - Em meio à 'epidemia da solidão', Apple lança óculos que nos deixam cada vez mais sozinho 🥽
É possível que seja o futuro do iPhone. Mas uma coisa é certa: parece muito solitário
Na edição anterior:
XM 16 - Golpes divulgados por famosos vão se repetir porque a fiscalização é um caos
Já se foi 1/4 de fevereiro, mas para esse início de mês ficar ficar completo, eu sei, faltava a primeira quarta do mês com a Xícara. Um salve para quem é dos bloquinhos. Outro salve para que é do Unidos do Netflix. Aproveitem a leitura — e o carnaval.🎉🥳
— Renan
PRIMEIRO GOLE
O ANO É 2025. Você está no sofá usando os óculos Apple Vision Pro quando uma pessoa entra no cômodo onde você está sentado e aparece no seu campo de visão.
Vocês conversam por instantes, mas quando o diálogo acaba, ela desaparece de vista.
Há três telas projetadas à sua frente:
Em uma delas, você está editando uma apresentação para o trabalho enquanto alterna entre ela e a tela onde faz as lições de francês em seu app favorito.
A chamada de vídeo em família no WhatsApp está em andamento na terceira tela à direita, mas você está com preguiça de interagir com o seu avatar.
De repente, chega uma notificação: é hora da sua meditação diária. As telas escurecem e a sala ao seu redor desaparece completamente para você concentrar-se em uma animação calmante e contar as respirações.
Quando a meditação termina, você decide falar algo na call da família e percebe que todos riem de uma piada feita por sua mãe. Não sabe ao certo o que foi, mas seu avatar ri junto com o deles.
Esta visão é uma visão do futuro que a Apple tenta nos vender com o seu novo Vision Pro. Quem não acompanhou, o dispositivo é uma tela de US$ 3.500 (R$ 17.200 em conversão direta, sem considerar impostos), destinada a uma única pessoa: você.
👀 Como é possível ver na primeira imagem que ilustra essa newsletter, o dispositivo preenche todo o campo visual de uma pessoa e pode ser usado tanto para aplicações de virtual reality (VR) quanto para aplicações de realidade aumentada — apesar da Apple ter proibido de usar termos como “VR” quando fala do Vision Pro. Em vez disso, usa o “spatial computing” (computação espacial).
É possível que seja o futuro do iPhone. É possível que seja o início de uma utopia em que estamos sempre sintonizados com aquilo que nos rodeia. É possível que seja apenas uma maneira cara de fazer coisas que já fazemos.
Mas uma coisa é certa: parece muito solitário.
Uma em cada quatro pessoas do mundo é solitária
De acordo com a pesquisa do Instituto Gallup, publicada em outubro de 2023, cerca de 25% das pessoas no mundo se sentem sozinhas. O assunto tem despertado a atenção da comunidade médica, que chega a usar o termo “epidemia da solidão”.
A depressão, a ansiedade, problemas de sono, a perda de autoestima e o estresse são alguns dos efeitos psicológicos da solidão. De uma perspectiva física, há estudos que mostram que a solidão aumenta o risco de doenças cardíacas, de demência e de morte prematura.
No entanto, críticos apontam que o Apple Vision Pro pode agravar essa 'epidemia da solidão', permitindo que os usuários se isolem em um mundo virtual e potencialmente diminuam ainda mais as interações presenciais, cruciais para o bem-estar humano. (confira o vídeo abaixo no X)
Allison Johnson, escritora do The Verge, e Paris Marx, jornalista da NBC, estão entre as especialistas em tecnologia que expressaram preocupações sobre o potencial da tecnologia para intensificar o isolamento e a dependência de telas, argumentando que empresas como a Apple lucram com a solidão.
Estamos à beira de uma nova era tecnológica, comparável ao advento do iPhone?
Afinal, a Apple, sendo uma love brand, é capaz de ativar sua máquina de relações públicas e influência, sustentando uma narrativa bastante positiva do Apple Vision Pro.
Mas, claro, há pontos negativos, como a bateria portátil que praticamente não é citada, o peso do headset no rosto, além do valor nada amigável ainda mais para quem não ganha em dólar.
No entanto, para deixar nítido, essa news não tem o objetivo de decretar o Vision Pro como um desastre para a sociedade. Há chances de o dispositivo fracassar e continuarmos felizes (ou infelizes) usando nossas telas de bolso. Ou ser um tremendo sucesso e testemunharmos mais um lançamento que altera o jeito de viver em sociedade, como fez Steve Jobs em 2007, com o iPhone.
Afinal, a Apple é uma empresa capaz de moldar a forma como interagimos com a tecnologia. Quando a Apple lança um produto, é razoável questionar se este representa uma nova visão de futuro.
E se o Vision Pro da Apple se tornar de fato uma parte significativa desse futuro, não será surpreendente se todos nos sentirmos mais solitários. 🥽
NA VITRINE
Novos cliques para adoção
UM ESTUDO do Journal of Applied Animal Welfare Science revelou que a qualidade das fotos no perfil de adoção pode influenciar a rapidez com que um cão é adotado.
A pesquisa, que analisou 468 fotos de cães, constatou que aqueles com melhores fotos de perfil eram adotados em até 14 dias; enquanto os com fotos de baixa qualidade levavam até 43 dias. 🖼️
Com base nesse insight, o Google criou o "Pixel Pawtraits" – kits que incluem um celular Pixel 8 Pro, equipamentos fotográficos e um guia de retratos para a captura de imagens dos cães que aguardam adoção.
A ideia era capacitar pelo menos um abrigo em cada um dos 50 estados a usar o Kit Pawtraits para fazer boas imagens dos patudos. Golaço do time do Google. 📷
Campanha completa (no YouTube 1’07’’)
ENTRADINHA
💼 O ‘saco de sanduíche’ que custa mais de US$ 3.000 da Louis Vuitton (🤔)
🍦 Granado lança sorveteria inspirada nas fragrâncias da marca (150 anos depois da fundação vai ser possível “degustar” os principais aromas da empresa)
💸 Custo x benefício: os países onde se vive melhor gastando menos
🎽 Usar a camisa do Guarani, time paulista da 2ª divisão, é a última moda na Coreia do Sul (aleatoriedade do mês)
💄 'Sephora Kids' e o alarmante crescimento do mercado de produtos de beleza para crianças
PRATO PRINCIPAL
A ascensão glamourosa da estética da esposa da máfia
FRANCIS FORD COPPOLA, o diretor de "O Poderoso Chefão" não é alguém que se esperava comentários sobre as últimas tendências do TikTok.
Contudo, a chamada estética da esposa da máfia (“mob wife”) – um desfile de casacos de pele, couro e estampas de leopardo que dominou a plataforma – chamou a atenção do cineasta a ponto de merecer uma comparação com Connie Corleone, a "princesa italiana" do seu épico cinematográfico.
Isso porque no TikTok…
…uma legião de jovens, sem nenhum vínculo aparente com o submundo do crime, passou a adotar essa estética com um toque de ironia, adornando-se com joias vistosas e delineador marcante. Por lá, a tag #mobwife já reúne mais de 86 milhões de visualizações.
A plataforma, conhecida por sua capacidade de gerar "estéticas" virais, vê agora a ascensão desse visual que mistura glamour e perigo, numa ode às matriarcas do crime organizado.
Mas, será que essa moda pega fora do TikTok?
Quem acompanha a Xícara desde o ano passado, se lembra da tendência do quiet luxury, que ganhou força com a série Succession.
Desta vez, a tendência parece ser mais uma reinterpretação moderna de um estilo clássico, com um novo rótulo para chamar de seu. No entanto, há quem veja nela um reflexo da fascinação pela ostentação do novo rico, com um toque de cumplicidade no crime.
Enquanto alguns celebram a estética como uma expressão de poder e resistência, outros questionam a glorificação de um estilo de vida à margem da lei.
E, como em toda tendência que se preze, já há quem busque monetizar a onda, com "caixas misteriosas" da estética da esposa da máfia sendo vendidas a preços exorbitantes.
No fim das contas, Coppola talvez veja nessa moda uma reafirmação do impacto cultural de sua obra, enquanto o TikTok continua a ser o palco onde novas identidades são exploradas, testadas e, às vezes, descartadas – tudo com um toque de humor e uma pitada de crítica social.
SOBREMESA EM NÚMEROS
EMBRULHA PARA VIAGEM
🤖 O GOOGLE DEEPMIND criou um sistema de IA que é muito bom em geometria, um campo historicamente difícil para a inteligência artificial. O novo sistema, chamado AlphaGeometry, combina um modelo de linguagem com um tipo de IA conhecido como “mecanismo simbólico”, que usa símbolos e regras lógicas para fazer deduções. Especialistas da área afirmam que a tecnologia é um passo significativo em direção às máquinas com habilidades de raciocínio mais semelhantes aos humanos.
📚 BIBLIOTECAS CONSTRUÍDAS na última década em cidades europeias estão renovando a relação desses lugares com o público. As iniciativas, de cidades como Ghent, na Bélgica, e Helsinki, na Finlândia, começam pelos projetos arquitetônicos modernos e renomados, com ambientes dedicados não só aos livros mas também a instalações artísticas, laboratórios abertos com impressoras 3D e estúdios de rádio. Além disso, as experiências reforçam o papel de serviço público que bibliotecas sempre tiveram, com encontros comunitários e auxílio para visitantes mais velhos em diversas tarefas que hoje migraram para o mundo digital.
🎧 O SPOTIFY RENOVOU o contrato do podcaster Joe Rogan, mas com uma novidade: após quase quatro anos, o podcast "The Joe Rogan Experience" não é mais exclusivo do Spotify. No início de sua tentativa de dominar a "podosfera", a empresa adquiriu estúdios como Gimlet e Parcast. Com o tempo, transformou os programas desses estúdios em exclusivos, fazendo com que não estivessem mais disponíveis em nenhum outro aplicativo. Porém, agora esse plano está mudando porque a companhia acredita que pode se beneficiar mais vendendo anúncios nesses programas do que forçando os ouvintes a baixar o Spotify.
📈 O TWITTER VEIO ABAIXO quando a Netflix anunciou que passaria a cobrar pelo compartilhamento de senhas. Mas, quem esperava por uma debandada de usuários, se surpreendeu. A empresa bateu um recorde de 13,1 milhões de novos assinantes no final de 2023, superando as expectativas de Wall Street. Na carona da nova estratégia, a gigante do streaming diversificou seu conteúdo ao adquirir os direitos de transmissão da WWE Raw e explorar transmissões esportivas ao vivo, além de reintroduzir o licenciamento de séries populares de outras emissoras.
📱 UM ESTUDO DO GOOGLE indica que 73% dos brasileiros não saem de casa sem seus celulares, evidenciando uma dependência tecnológica crescente. Este comportamento, presente até em momentos íntimos como no banheiro, pode ser um sinal de nomofobia - medo irracional de ficar sem o celular. Sintomas incluem checagem obsessiva do aparelho e desconforto em locais sem Wi-Fi. Os especialistas recomendam limitar o uso do celular e equilibrar a vida digital com atividades físicas e sociais para manter um uso saudável da tecnologia.
UMA IMAGEM DE GORJETA
PATROCINADORA OFICIAL DO CARNAVAL do Rio, a Brahma decidiu celebrar a chegada da festa trazendo latinhas personalizadas e inspiradas em cada uma das escolas de samba do grupo especial. São pelo menos 12 latinhas diferentes, cada uma trazendo as cores, elementos e o nome das escolas de samba que ajudaram a construir a história do carnaval carioca.
Obrigado pela leitura!
Esta é a newsletter Xícara de Marketing. Toda primeira quarta-feira do mês com a mistura saborosa das tendências do mercado e das marcas. Tudo direto no seu email.