XM 9 - Na cola de 'Succession', as marcas querem vender 'luxo discreto' para o povão 🕴️👗
A cultura pop ajudou a amplificar o conceito do "quiet luxury" para as massas. Agora marcas fora do mercado de luxo entenderam que há uma demanda a ser explorada.
Adoro quando os universos se alinham para trazer um tema intrigante e atual! Nos últimos meses, li algumas matérias para entender o que era o “quiet luxury”, e estava ansioso para compartilhar essas reflexões com vocês. E a série do momento, Succession, veio como a oportunidade perfeita! Mesmo se você não assistiu (
e deveria!), não há spoilers aqui. A trama que exibiu o último episódio na semana passada foi apenas um pano de fundo para a nossa conversa. Então venha e pegue o seu café!
— Renan
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PRIMEIRO GOLE
Inspiradas por 'Succession', grifes apostam na venda de 'luxo silencioso' para as massas
NO SEGUNDO EPISÓDIO da 4ª e última temporada de “Succession”, a série de megassucesso da HBO sobre um magnata da mídia e seus relacionamentos disfuncionais com seus quatro filhos adultos, o ex-filho de ouro, Kendall Roy, veste o que parece ser uma roupa casual: um moletom com capuz e um boné preto. 🧥
No entanto, o moletom em questão é da marca Tom Ford e custa inacreditáveis US$1.390 (~R$7000) . Já o boné básico sem enfeites é da grife de luxo italiana Loro Piana, vendido por US$1.395 (~R$7025). Combinados, eles são a personificação do que no mundo da moda se chama de “luxo discreto”, “luxo silencioso” ou “quiet luxury”.
Para aprofundar mais no conceito…
…pense em roupas que gritam elegância: suéteres de caxemira, botões de seda ou sobretudos de lã em tons neutros e materiais caros — se a marca não aparecer, melhor ainda.
O luxo está nos detalhes cuidadosamente selecionados, nos itens nobres, no senso de harmonia e na etiqueta do preço que passa sempre dos quatro dígitos.
Mas, apesar de milionários, eles não vivem em cavernas. Saem, fazem compras e mostram para todo mundo o que vestem. Neste caso, uma série de TV ajudou na disseminação.
Agora que a cultura pop (#ValeuSuccesssion) amplificou o conceito para as massas, marcas com preços bem inferiores (e, claro, qualidade) às da Hermès, Versace ou Loro Piana perceberam que há um nicho a ser explorado.
Porém, antes de qualquer uma dessas marcas poderem entrar em ação, elas precisam primeiro responder à seguinte pergunta: como engajar em uma tendência que é definida, principalmente, por seu alto preço?
O ‘quiet luxury’ mais acessível
PARA MARCAS CONTEMPORÂNEAS, que vendem itens básicos, como Uniqlo e Banana Republic no exterior, ou Amaro e Renner por aqui, o foco principal tem sido destacar sua variedade padrão, assumindo que os clientes farão a conexão com o 'luxo silencioso' por conta própria. 🛍️
O Business Insider trouxe uma matéria sobre a viralização de uma pochete no TikTok, que se tornou um item desejado justamente por não ser tão caro, e se encaixar no conceito de 'luxo silencioso para as massas'
Se quiser mais exemplos, experimente pesquisar no Google “quiet luxury’ + “nome de uma varejista”.
Repare que os resultados trazem roupas no estilo 'luxo silencioso'. Contudo, para a satisfação dos consumidores, o preço é muito mais 'silencioso' do que luxuoso.
No entanto, nenhuma outra marca abraçou o conceito de 'luxo silencioso' com tanto entusiasmo e ousadia quanto a varejista chinesa Shein.
Conhecida por oferecer uma ampla variedade de roupas, acessórios e produtos de beleza a preços acessíveis, a Shein simplemente criou a categoria “quiet luxury” em seu site para promover as peças que se encaixam no conceito pelo menos na aparência.
Por US$11,00 é possível comprar um blazer claro para usar com calça jeans.
Certamente, não é um figurino que a Shiv, de Succession, usaria. No entanto, para quem deseja aderir à tendência pagando muito menos, o look é perfeito. 🛒
A QUEDA DA LOGOMANIA não surpreende àqueles que acompanham os ciclos da indústria da moda. Em 2008, por exemplo, na esteira da crise americana, o movimento do “luxo silencioso” ganhou adeptos. Nos anos 1990, também observou-se algo parecido.
O que é novo nos últimos anos é a rapidez com que uma tendência pode ganhar espaço e o pouco tempo que uma empresa tem para identificar oportunidades para satisfazer essa demanda.
No caso da moda, isso era algo até esperado. Quem está familiarizado com a teoria do "efeito trickle-down" ou "efeito gotejante" sabe que a maioria das tendências de consumo e estilos de vida começa nas classes mais altas e, gradualmente, se espalha para as camadas socioeconômicas mais baixas.
Claro, com as devidas adaptações de preço e marca. Afinal, vamos ser honestos, o consumo de produtos verdadeiramente luxuosos sempre será um indicador de classe.
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NA VITRINE
Delivery de veículos na palma da mão
EM UM MOVIMENTO OUSADO, uma das maiores concessionárias da Ford na Arábia Saudita resolveu vender o novíssimo SUV Territory na mesma plataforma onde você compra pizza de quatro queijos e sushi: o aplicativo de entrega de comida, HungerStation — equivalente ao iFood. 🍕🍣
Jogada de gênio ou loucura total? Você decide. Mas a ideia era destacar que o preço do carro era tão “barato” que você poderia adicioná-lo ao carrinho de compras enquanto pedia o jantar.
Quem estava apenas buscando algo para comer e esbarrou com o anúncio no HungerStation pode dar uma espiadinha nas especificações do Territory, escolher entre os extras e, num passe de mágica, efetuar o pagamento pelo aplicativo. 🚘
A CEREJA DO BOLO. Caso alguém comprasse o veículo no app, a pessoa recebia o carro em casa.
Durante as três semanas que o anúncio ficou no ar houve 130 milhões de impressões, enquanto quase 22.000 pessoas, provavelmente confusas e intrigadas, adicionaram o carro ao carrinho de checkout.
E segure-se na cadeira: a empresa informou que três pessoas efetuaram a compra pelo aplicativo.
A empresa não revelou o valor investido na campanha, dificultando a avaliação de sua lucratividade, mas contou que, a princípio, a ideia era causar um buzz em torno do lançamento.
ENTRADINHA
🎽 O item mais falado do episódio final de Succession custa £11 no Walmart (nem tudo é quiet luxury)
🕶️ O headset de realidade mista Apple Vision Pro foi, enfim, anunciado (mesmo depois de vazamentos, o dispositivo chamou a atenção)
🚗 Uber e suas lendas urbanas: 6 'verdades' sobre o app que não fazem sentido (quem cancelar muitas corridas, pode ser punido pelo app?)
🌭 O cachorro-quente de 29 dólares em NY (e você achando que pagava caro no podrão da esquina)
📖 Instagram está criando uma nova rede social de textos (Alô, Elon Musk! Tem novo concorrente na área)
🤠 3 dicas para criar anúncios feitos na medida para a Geração Z (os novos consumidores…)
PRATO PRINCIPAL
A misteriosa empresa que deseja lançar o “novo iPhone” 📱
NO FINAL DESTE MÊS DE JULHO, fará 15 anos que Steve Jobs subiu ao palco da Macworld Expo em San Francisco, na Califórnia, e apresentou ao mundo o primeiro iPhone.
Bem, desde então tem sido uma série de 'mehs' e 'ahs' no mercado de gadgets.
Tivemos alguns apetrechos interessantes ao longo do caminho, como os headsets de realidade virtual e os fones de ouvido sem fio (obrigado, Apple), mas nada realmente causou aquele burburinho e fez todos correrem para a loja como o queridinho da Maçã.
Todo celular é muito semelhante ao modelo anterior, mostrando que o dispositivo alcançou seu ápice em termos de produto.
No entanto, no mundo implacável da tecnologia, onde uma startup fracassada é apenas um passo para a próxima grande ideia, algumas empresas têm a audácia de tentar recriar o frenesi do iPhone. E uma dessas empresas é a Humane, conhecida tanto pela fama quanto pelo sigilo. A Humane, para aqueles que não acompanham os rumores do Vale do Silício, é um enigma em si só.
Foi fundada por alguns pesos-pesados que trabalharam na Apple, como Imran Chaudhri, ex-diretor de design do iPod, e Bethany Bongiorno, que contribuiu significativamente para a criação dos sistemas operacionais iOS e MacOS.
O mistério se aprofundou quando, mesmo após receber mais de 230 milhões de dólares em investimentos, ninguém fora da empresa sabia o que eles estavam tramando.
FIM DO ENIGMA: em meados de abril, Imran apresentou em um Ted Talks a tão aguardada criação:
um dispositivo que combina inteligência artificial e holografia para oferecer os mesmos recursos que um smartphone, mas sem a necessidade de uma tela. Isso mesmo, você ouviu direito. Ele quer substituir a preciosa tela do seu smartphone por um projetor com função tátil. 📱
O setor de tecnologia reúne inúmeras promessas que não dão em nada
ANTES DE SE EMPOLGAR, lembre-se de que a ideia de substituir a tela por um projetor não é nova. Algumas startups tentaram isso no início dos anos 2010, e até o Google deu uma chance. Mas até agora, nenhuma delas chegou tão longe quanto a Humane. 👨🏼💻
No vídeo, Imran fala sobre como sua criação foi inspirada no conceito de que a tecnologia não deve atrapalhar a interação humana. É aí que entram os recursos de interação, como a capacidade de "conversar" com o sistema, que pode ajudar em várias tarefas, como verificar atualizações ou traduzir falas para outros idiomas.
A inteligência artificial do dispositivo é da própria Humane, que contou com a parceria da OpenAI, e todos os cálculos da IA são processados na nuvem da Microsoft.
Empresas como Qualcomm, LG, SK Networks e Volvo também estão envolvidas no projeto.
Agora, a parte emocionante. Será que este é realmente o próximo iPhone, ou é apenas mais uma promessa vazia como a Magic Leap e o Essential Phone?
A resposta, meus caros leitores, é um grande "quem sabe?". Por enquanto, a Humane ainda tem que provar que não está apenas nos levando para mais um passeio pelo caminho da esperança tecnológica.
A empresa traz uma visão bonita do relacionamento entre pessoas e tecnologias, mas será que isso vai se concretizar? Desculpe a franqueza, mas eu prefiro ver para crer.
SOBREMESA EM NÚMEROS
O UNIVERSO DA MODA É VASTO e diversificado, com o mercado de luxo ocupando um nicho importante. Apesar de representar apenas 5% do mercado total, ele se destaca devido à alta qualidade, exclusividade e prestígio de seus produtos.
No entanto, sua importância é ainda mais aparente quando observamos o faturamento: o mercado de moda de luxo corresponde a 30% do faturamento total da moda.
Isso ilustra o alto valor agregado desses produtos e o poder aquisitivo do público consumidor, demonstrando a significativa relevância deste segmento para a indústria da moda como um todo.
EMBRULHA PARA VIAGEM
📸 O FOTÓGRAFO BRITÂNICO Charlie Kwai registra a vida cotidiana nas ruas de diversas cidades do mundo desde 2015. Revisitando seu arquivo em busca de padrões e conceitos após oito anos ele notou algo peculiar: a presença da marca McDonald’s em inúmeras das imagens. São pessoas consumindo lanches, pedestres com os tradicionais arcos amarelos ao fundo e até latas de lixo com restos de comida. O projeto joga luz nos hábitos de consumo e revela bastante “sobre a vida que muitos de nós levamos”.
⌨️ GABRIEL SANTOS, de 16 anos, só queria fazer thumbnails legais para seu canal de Minecraft no YouTube quando descobriu o interesse por design gráfico. Tinha 12 anos e usou a plataforma de vídeos como sua professora. Sequer tinha computador: era tudo no celular que dividia com sua mãe, a dona de casa Carla Daniella Pereira Santos. Mal imaginava que, dali a quatro anos, estaria contratado pelo studioFREAK, empresa argentina que tem em seu portfólio a Netflix como cliente.
🌎 O STREET VIEW DO GOOGLE pode proporcionar uma viagem pelo mundo todo apenas pela tela de um computador. Ele também é uma opção prática para direcionamento. No entanto, a ferramenta de visualização 360º de espaço também pode causar grandes gargalhadas ou despertar incredulidade em usuários. Foi pensando isso que o desenvolvedor Neal Agarwal criou o Wonders of Street View. O site reúne variados registros da ferramenta do Google e pode consumir horas do seu dia porque as situações podem ser bastante inusitadas (ou não).
🍫 UMA PEQUENA FÁBRICA DE DOCES do interior do Rio Grande do Sul está dominando uma área muito específica dos supermercados: a ala bem ao lado das gôndolas, onde tradicionalmente as empresas de chocolates se posicionam para que o consumidor caia na “tentação” e leve um docinho antes de passar no caixa. Com seus tubinhos de wafer e chocolate ao leite, a Trento passou a incomodar gigantes do setor, como Hershey’s, Lacta e Ferrero.
🏰 A POSSÍVEL FUSÃO ENTRE APPLE E DISNEY é o assunto mais quente nos corredores de Wall Street. A The Walt Disney Company está avaliada em US$ 182 bilhões e, segundo analistas, a compra poderia aumentar o valor da Apple em 25%. Avaliada em US$ 2,62 trilhões, o acordo poderia fazer com que o valor de mercado a Apple saltasse para US$ 3,2 trilhões, um número jamais alcançado por qualquer outra empresa no mundo. Esse tema ganhou força por conta dos indícios. A Apple disse na semana passada que vai investir US$ 1 bilhão na produção de filmes para cinemas, como estratégia para alavancar seu streaming.
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